Qual é o papel de um Scrum Master?
O principal objetivo do Scrum Master é se tornar desnecessário. Para atingir esse objetivo, o Scrum Master deve trazer à luz os valores do framework Scrum para que os demais membros do time consigam internalizá-los. Assim, o time será capaz de atuar de forma autônoma e ágil, fazendo com que o Scrum Master não seja mais necessário.
A maturidade do Scrum Master é determinante para ter sucesso no seu principal objetivo, pois o tornará capaz de externalizar os valores do Scrum de forma simples e clara para que o time os internalize rapidamente. Quanto mais tempo o time demorar para internalizar os valores, mais tempo o Scrum Master será necessário.
Como o Scrum Master atinge a maturidade necessária para alcançar tal objetivo?
A caminhada do Scrum Master em busca do seu principal objetivo passa por três momentos:
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1. Internalização: quando o Scrum Master está iniciando a carreira e ainda está internalizando os valores do framework Scrum;
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2. Experimentação: quando o Scrum Master é capaz de propor novas técnicas para os demais membros do time;
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3. Externalização: quando o Scrum Master internalizou os valores do framework Scrum e é capaz de externalizar esses valores numa linguagem simples e de fácil compreensão.
Apenas ao final dessa caminhada, o Scrum Master terá as habilidades necessárias para atingir seu principal objetivo: tornar-se desnecessário.
Mas, como o Scrum Master deve atuar durante a caminhada rumo ao seu principal objetivo?
Primeiramente, é importante identificarmos o momento do Scrum Master para determinarmos como será a sua atuação.
Não há uma métrica exata para isso, mas é comum que:
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Scrum Masters que atuaram em no máximo dois projetos estejam no primeiro momento, ou seja, em processo de internalização dos valores do framework Scrum;
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Scrum Masters que atuaram entre dois e cinco projetos, estejam no segundo momento, ou seja, em processo de experimentação;
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Scrum Masters que atuaram em mais de cinco projetos, estejam no terceiro momento, ou seja, já internalizaram os valores e são capazes de externalizá-los de forma simples.
Para cada momento, o Scrum Master deve atuar da seguinte maneira:
1. Internalização
Nesse momento, o Scrum Master deve apenas seguir a receita, ou seja, as recomendações do Scrum Guide. Ele deve fazer como se estivesse seguindo a receita de um bolo. Fazendo uma analogia, se o Scrum Master se distanciar da receita, o bolo pode desandar. Em resumo, o Scrum Master deve:
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Dar visibilidade em relação ao trabalho realizado (Kanban, Burndown, etc);
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Remover todos os impedimentos para que o time de desenvolvimento consiga trabalhar de maneira fluída;
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Organizar as cerimônias para que os objetivos de cada uma delas sejam alcançados;
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Apoiar o Product Owner na gestão do Product Backlog.
2. Experimentação
Após seguir a receita durante um tempo, o Scrum Master estará seguro para adicionar novos temperos.
Nesse momento, o Scrum Master deve continuar executando as atividades recomendadas pelo Scrum Guide, porém, deve, também, olhar de maneira mais ampla para os desafios do time, para o ambiente em que o time está inserido, para as relações pessoais entre os membros do time, para as habilidades do time, e buscar e experimentar alternativas para ajudar o time a entregar cada vez mais valor ao usuário.
Em resumo, o Scrum Master deve:
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Consultar outras metodologias ágeis em busca de técnicas que possam trazer valor ao time;
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Transformar o ambiente, valorizando a comunicação;
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Trazer treinamentos com o objetivo de evoluir as habilidades do time.
3. Externalização
Aqui, o Scrum Master é capaz de ensinar outras pessoas a preparar o bolo, sem seguir a receita.
Nesse momento, o Scrum Master já internalizou os valores do Scrum e teve a oportunidade de experimentar diversas técnicas (com e sem sucesso). Portanto, o Scrum Master está maduro o suficiente para transformar o time em um time autônomo.
Em resumo, o Scrum Master deve:
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Avaliar se o framework Scrum é a melhor opção para o contexto do projeto e, caso não seja, propor alternativas;
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Avaliar se o time possui as competências necessárias para entregar o projeto e, caso não possua, propor soluções;
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Ensinar o time como devem ser realizadas cada cerimônia, visando extrair o máximo de valor de cada uma delas;
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Ensinar o Product Owner a gerenciar o Product Backlog, visando a entrega dos principais valores ao usuário final;
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Avaliar se o time possui a autonomia, tornando-se desnecessário ao time.
O fato do Scrum Master não ser necessário ao time não quer dizer que ele deve ser dispensado do time ou da empresa, mas, sim, que sua atuação passa a ser a de um especialista no assunto, apoiando outros times e a própria empresa na migração para o pensamento ágil.
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