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Qual é o papel do design em tempos de crise?

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Quais papéis o design pode exercer em situações de crise? Quais aprendizados pode absorver do momento atual e o que pode oferecer para contribuir com sua superação?

Estamos vivendo um contexto que não só propicia, como demanda uma reflexão nesse sentido. Pensando nisso, pedimos para designers de diferentes setores compartilharem suas percepções sobre os potenciais e o futuro do design em tempos de COVID-19.

Para Ana Penso, designer e head de academy da Aldeia, é tempo de repensar o objetivo dos produtos criados e os nossos próprios hábitos de consumo:

“Minha proposta é (...) observarmos as falhas e nos propormos a mudar. Como? Com esforços para minimizar descartes poluentes, usando matéria-prima renovável, mão de obra local e com justa remuneração, precificação justa e criação de produtos com o viés de resolver problemas, necessidades e incapacidades. Pessoas, tudo é sobre pessoas. Segregar nunca foi positivo e o design, como filho mais democrático da arte, tem um papel de extrema importância nesse momento.”

Penso acrescenta que, nesse contexto, o design e os designers têm muito à oferecer para o mundo.

“Precisamos estar preparados para a velocidade [das mudanças], sem esquecer da qualidade; aí o design chega e fica. Como unir tecnologia e humanização? Como agregar hard e soft skills? Como inserir pessoas (...) ao novo momento? Tudo o que precisamos fazer é ter empatia. Olhar delicado e detalhado sobre o comportamento da sociedade e [sobre] quais as soluções que podemos trazer à luz. Aposto no design. Aposto na educação. Aposto na cultura. Aposto nas pessoas. Todos juntos!”

Leia também: O impacto do design aplicado à saúde

Já para a diretora-técnica do Centro Brasil Design (CBD), Ana Brum, o principal ensinamento que o design pode oferecer para o momento é a capacidade de criar soluções não para si mesmo, mas para o outro:

“Seguramente, esta habilidade de se colocar no lugar do outro é um dos principais atributos do profissional do design. O 'projetar para o outro' e não simplesmente da forma mais barata, ou mais rápida, ou com menos materiais, ou ainda da mesma maneira que sempre foi feito... olhar para as reais necessidades de hoje, que são diferentes de 30 dias atrás, é o que mais me faz refletir neste momento.”

Mauricio Noronha, designer fundador do Furf Studio Design, acredita que o momento exige compartilhamento entre todos os setores:

“(...) é a hora de ficarmos ainda mais próximos de especialistas de outras áreas e ciências. A colaboração de designers com cientistas, médicos, empreendedores etc. pode gerar grandes inovações relevantes, capazes de beneficiar o dia a dia de muitas pessoas”.

Noronha entende também que a inovação, elemento essencial para o design, pode ajudar a humanidade a criar soluções não só urgentes, mas duradouras:

“Em tempos de crise (...), a inovação é a chave necessária para se adaptar mais rapidamente, seja para sobreviver ao momento ou até para criar uma oportunidade de se reinventar. O senso de urgência em uma crise pode catalisar mudanças positivas duradouras que possivelmente não seriam priorizadas em outras circunstâncias. Design é uma ferramenta para humanização e inovação.”

Assim como Noronha, Bruno Rigolino, designer, vê na abrangência do design uma grande oportunidade de colaboração:

"O Design (...) pode exercer um papel transdisciplinar, que permite aos seus praticantes integrar e transformar disciplinas e práticas num processo de projeto, pesquisa, teste e aprendizagem. Nesse sentido, o Design atua como um facilitador para a criação de soluções novas, incrementais e democráticas (...)”.

Rigolino destaca também alguns métodos do design que podem ser centrais para resolução rápida de desafios:

“Acredito que abordagens de design como, por exemplo, o metadesign (...) e o design de experiência do usuário (...) colaboram para uma prática de design centrado no ser humano que busca resolver as demandas da sociedade ao mesmo tempo que procura questionar a consequência das soluções (...)”.

O papel do design em tempos de crise

Não existe uma resposta única e direta sobre qual pode ser o papel do design nesse contexto. O que existe é a compreensão de que as principais ferramentas do design, como a empatia, a criatividade e a inovação, são indispensáveis para superar momentos de crise. E o que estes diferentes posicionamentos demonstram é a importância de se questionar quanto ao papel e à consequência daquilo que produzimos, assim como direcionar nossos métodos para solucionar os novos desafios que se colocam.

Abaixo, reproduzimos as perguntas feitas aos designers e suas respostas na íntegra:

Mauricio Noronha, designer e co-fundador do Furf Design Studio, reconhecido em premiações como Cannes, iF Design Award e Red Dot.

P: Você acredita que o momento atual oferece alguma reflexão ou aprendizado para o design?
Acreditamos que existe um potencial criativo muito grande no meio do design e que se esse potencial criativo for direcionado para causas de impacto positivo, poderíamos ver grandes avanços para o bem da sociedade.

Estamos vivenciando um momento em que precisamos ficar distantes fisicamente, mas acreditamos que é a hora de ficarmos ainda mais próximos de especialistas de outras áreas e ciências. A colaboração de designers com cientistas, médicos, empreendedores (etc.) pode gerar grandes inovações relevantes, capazes de beneficiar o dia a dia de muitas pessoas.

P: Quais papéis o design pode exercer ou quais ferramentas pode oferecer em momentos de crise?
Acreditamos que devemos inovar sempre que possível para nos adaptarmos às novas realidades, para contribuirmos mais com a sociedade, para darmos um passo adiante em termos de evolução da humanidade. Em tempos de crise não é diferente, a inovação é a chave necessária para se adaptar mais rapidamente, seja para sobreviver ao momento ou até para criar uma oportunidade de se reinventar. O senso de urgência em uma crise pode catalisar mudanças positivas duradouras que possivelmente não seriam priorizadas em outras circunstâncias. Design é uma ferramenta para humanização e inovação.

Ana Penso, designer e head academy da Aldeia

P: Você acredita que o momento atual oferece alguma reflexão ou aprendizado para o design?
Com certeza a crise social, política e econômica causada pelo COVID-19 está ofertando a todos nós oportunidades. A mais importante delas é a chance de mudar as lentes que traduzimos o design. O quanto nos importamos com pessoas e não somente com o consumo desenfreado que aquece as turbinas do capitalismo enlouquecido.

Estávamos em uma velocidade incontrolável de destruição! Poluição do ar, água e solo. Acúmulo insano de lixo em terra e no mar – causando um imenso desequilíbrio natural. E continuávamos comprando.

Toda a cadeia se traduzia em lucro máximo a qualquer custo e o design estava no meio disso tudo. Eu mesma vinha em uma crescente de vender cada vez mais, afinal – manter uma cadeia produtiva de design autoral não é fácil – a produção local é aquecida com a cadeia, mas introduzir produtos de decoração e manter o faturamento a cada bimestre é uma luta; afinal, não são produtos de primeira necessidade. Logo, a estratégia é criar sempre lançamentos, focar em posicionamento e partir para o atacado.

Sem falar no preço de uma peça de design assinado! O trajeto que a peça percorre para chegar ao consumidor acaba tornando o design inacessível ao bolso da maioria da população. Elitizar não é o caminho para o progresso, mas sim popularizar.

Minha proposta é, a partir de todo esse cenário antes e durante a crise COVID, observarmos as falhas e nos propormos a mudar. Como? Com esforços para minimizar descartes poluentes, usando matéria-prima renovável, mão de obra local e com justa remuneração, precificação justa e criação de produtos com o viés de resolver problemas, necessidades e incapacidades. Pessoas, tudo é sobre pessoas. Segregar nunca foi positivo e o design como filho mais democrático da arte tem um papel de extrema importância nesse momento.

P: Quais papéis o design pode exercer ou quais ferramentas pode oferecer em momentos de crise?
O Design está em tudo, da escola primária ao long life learning. Em metodologias ativas de educação. Em processos facilitadores para gestão de times e empresas como o Design Thinking, Lean e Scrum.

O design é um facilitador para diversos setores, o modo de pensar aplicado no design traz para a sociedade uma forma mais prática e ágil de detectar e solucionar os mais diversos problemas. Desde uma situação doméstica até um grande paradigma de uma indústria farmacêutica. Estamos em meio a uma transformação digital, as mudanças ocorrem cada vez mais rápido! Precisamos estar preparados para a velocidade, sem esquecer da qualidade; aí o design chega e fica.

E agora? Como unir tecnologia e humanização? Como agregar hard e soft skills? Como inserir pessoas desqualificadas digitalmente ao novo momento?

Tudo o que precisamos fazer é ter empatia. Olhar delicado e detalhado sobre o comportamento da sociedade e quais as soluções que podemos trazer à luz.

Aposto no design. Aposto na educação. Aposto na cultura. Aposto nas pessoas.

Todos juntos!

Ana Brum, diretora-técnica do Centro Brasil Design

P: Você acredita que o momento atual oferece alguma reflexão ou aprendizado para o design?
Acredito que momentos como este que estamos vivendo são uma excelente oportunidade para praticarmos uma das principais ferramentas do design que é a empatia. Seguramente, esta habilidade de se colocar no lugar do outro é um dos principais atributos do profissional do design. O projetar para o outro e não simplesmente da forma mais barata, ou mais rápida, ou com menos materiais, ou ainda da mesma maneira que sempre foi feito... olhar para as reais necessidades de hoje, que são diferentes de 30 dias atrás, é o que mais me faz refletir neste momento.

P: Quais papéis o design pode exercer ou quais ferramentas pode oferecer em momentos de crise?
Tenho visto uma procura muito grande neste momento de mão-de-obra especializada em resolver problemas com poucos insumos. Estamos falando de formas de se relacionar com clientes via aplicativos, do dia para a noite, e um designer tem papel fundamental na interface; criação ou adaptação de produtos na área da saúde, e um designer também tem seu papel nesta demanda; a necessidade de comunicar que seu negócio está operando de uma nova maneira, com desconto, com entrega, com horário diferente, novamente o design tem aplicabilidade. Em momentos de crise, novas profissões surgem, e profissões com menos evidência tornam-se protagonistas.

Bruno Rigolino, Designer

P: Você acredita que o momento atual oferece alguma reflexão ou aprendizado para o design?
Acredito que sim. Se entendermos o Design como uma prática interessada em contribuir amplamente para a construção dos artefatos necessários para o funcionamento da sociedade – dos serviços essenciais aos objetos e aplicativos do dia-a-dia, então, um momento de crise exige de forma mais urgente dos designers uma reflexão sobre as abordagens e consequências do Design e seus produtos.

A necessidade dessa reflexão, apesar de presente continuamente, torna-se premente em um momento de crise em que há uma intensa transformação na maneira como as pessoas se comportam e realizam suas ações cotidianas. Essa transformação intensa muda necessidades e reposiciona prioridades, exigindo do Design – como prática de construção dos objetos (formais, funcionais e semânticos) da sociedade – sua contribuição para solucionar essas necessidades imediatas, mas também para os conflitos e problemas que, eventualmente, intensificam a crise, uma vez que a transformação do cotidiano também pode mudar a interpretação das pessoas sobre os valores e objetos que compõem sua comunidade.

É importante ressaltar que a transformação da sociedade e a necessidade de reflexão sobre seus objetos e consequências estão sempre presentes, podendo ser interpretadas como uma dialética interna da cultura (como descrito por Vilém Flusser¹) em que um objeto ao resolver um problema, torna-se potencialmente o próximo problema, conduzindo a sociedade e sua cultura por um caminho de transformação contínua. Em um exemplo concreto, e talvez simplista, podemos citar a internet: objeto que pode facilitar a comunicação e o compartilhamento de informações (fundamental em um momento de crise), mas também criar problemas em áreas como privacidade, saúde mental e, porque não, entretenimento, quando em sua ausência repentina interrompe o desfecho de um episódio final de sua série favorita. ¹ FLUSSER, Vilém. O Mundo Codificado. Página 194. Cosaic Naify, 2013.

P: Quais papéis o design pode exercer ou quais ferramentas pode oferecer em momentos de crise?
O Design – como atividade de projeto – pode exercer um papel transdisciplinar, que permite aos seus praticantes integrar e transformar disciplinas e práticas num processo de projeto, pesquisa, teste e aprendizagem. Nesse sentido, o Design atua como um facilitador para a criação de soluções novas, incrementais e democráticas, uma vez que seu caráter colaborativo e empático permite a participação de pessoas com experiências diversas para pensar sobre problemas complexos e, muitas vezes, difíceis de enquadrar.

Acredito que abordagens de design como, por exemplo, o metadesign –com técnicas e ferramentas para lidar com a complexidade e encarar projetos como perguntas e emergências– e o design de experiência do usuário –com sua ênfase na empatia, no entendimento abrangente da experiência das pessoas e na pesquisa– colaboram para uma prática de design centrado no ser humano que busca resolver as demandas da sociedade, ao mesmo tempo que procura questionar a consequência das soluções e recordar que o ser humano, e sua sociedade, fazem parte de um ecossistema complexo e encantador que se fragiliza quando avança de maneira desequilibrada.

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