Dia Mundial da Liberdade de Pensamento, direitos humanos e a internet: uma reflexão
O Dia Mundial da Liberdade de Pensamento, celebrado em 14 de julho, nos convida a refletir sobre a importância do direito e da liberdade de ser e de pensar de cada indivíduo.
Esta é uma data importante para nós da Caiena, porque, não à toa, esse é um dos nossos pilares fundamentais. Acreditamos que todos temos direito à liberdade de pensamento, entretanto, cabe a nós também entendermos os limites ao nos expressarmos, pois nossa liberdade não pode atentar contra a liberdade de outra pessoa.
Para refletirmos sobre essa data e sua relevância nos dias atuais, nosso talento Luiz Santos, desenvolvedor full-stack, compartilha a seguir seus estudos sobre a liberdade de pensamento e a relação do Dia Mundial da Liberdade de Pensamento com os direitos humanos e a internet.
Essa é uma das iniciativas realizadas pelo Comitê de Diversidade da Caiena sobre a data. Acompanhe a seguir os insights do Luiz sobre o Dia Mundial da Liberdade de Pensamento.
Conheça as origens do Dia Mundial da Liberdade de Pensamento
A existência do Dia Mundial da Liberdade de Pensamento tem uma ligação direta com a Revolução Francesa (1789-1799). Os ideais de liberdade fomentados neste período se baseavam no lema “liberdade, igualdade e fraternidade”, inspiração que veio do movimento iluminista. E, em 14 de julho de 1789, ocorreu a Queda da Bastilha. Logo, esta se tornou a data que inspira a celebração do Dia Mundial da Liberdade de Pensamento.
Estes ideais de liberdade aflorados na Revolução Francesa abriram portas para debates diversos sobre o tema, incluindo a criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento promulgado em 10 de dezembro de 1948. Existem dois artigos desta declaração diretamente associados ao Dia Mundial da Liberdade de Pensamento:
Artigo 18
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular.
Artigo 19
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Liberdade de pensamento, direitos humanos e a internet: qual a relação?
A liberdade de pensamento é um tema tão importante, quanto delicado, especialmente quando os nossos mundos ganham o potencial de se expandirem em alta velocidade – graças ao acesso que temos hoje à internet e a tudo o que foi criado a partir deste novo universo tecnológico.
A partir dos dois artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos citados acima, vemos que a liberdade de pensamento ou de expressão é um tema a ser constantemente pensado, refletido e compartilhado com a sociedade.
Somos seres sociais, assim dizia o filósofo grego Aristóteles. Logo, boa parte do que fazemos, especialmente como nos expressamos, tem o seu impacto ou influência social.
Com a internet, ou também “ciberespaço” – modo como o filósofo francês Pierre Lévy também se refere a ela em seu livro “Inteligência Coletiva (2015)” – a liberdade de pensamento e expressão ganhou um enorme impulso e velocidade. E, a partir disso, a comunicação e a troca de ideias se tornou quase imediata.
Tratando-se de ambientes virtuais coletivos, como fóruns e redes sociais, Lévy menciona que o sucesso dos coletivos inteligentes não escapa da necessidade de relações saudáveis e éticas:
"A prosperidade das nações, das regiões, das empresas e dos indivíduos depende de sua capacidade de navegar no espaço do saber. A força é conferida de agora em diante pela gestão ótima dos conhecimentos, sejam eles técnicos, científicos, da ordem da comunicação ou derivem da relação 'ética' com o outro. Quanto melhor os grupos humanos conseguem se constituir em coletivos inteligentes, em sujeitos cognitivos, abertos, capazes de iniciativa, de imaginação e de reação rápidas, melhor asseguram seu sucesso no ambiente altamente competitivo que é o nosso”. (Trecho do livro “Inteligência Coletiva”, de Pierre Lévy)
A partir deste raciocínio, vemos que a liberdade de pensamento em um ambiente virtual não perde a sua ligação com a perspectiva dos direitos humanos. Na verdade, a necessidade do conhecimento e compartilhamento de ideias só ganha um novo e vasto espaço e que está em constante transformação.
Mas, onde Lévy quer chegar quando fala de uma inteligência coletiva? Segue abaixo a sua resposta, que pode servir como uma provocação para pensarmos sobre para onde a internet possa evoluir:
"O intelectual coletivo é uma espécie de sociedade anônima para a qual cada acionista traz como capital seus conhecimentos, suas navegações, sua capacidade de aprender e de ensinar. O coletivo inteligente não se submete nem limita as inteligências individuais; pelo contrário, exalta-as, fá-las frutificar e abrir-lhes novas potências”. (Trecho do livro “Inteligência Coletiva”, de Pierre Lévy)
Conclusão
Podemos ver então que ainda há muito trabalho a ser feito, que devemos esperar por muitas mudanças – que já acontecem todos os dias. Afinal, o mundo se tornou ainda maior e também mais próximo de nós à medida que podemos buscar, saber, comunicar e nos relacionar com um universo ainda mais amplo e plural.
Contudo, não quer dizer que estamos preparados para tudo, muito menos que o futuro é claramente visível. Mas, temos perspectivas otimistas nas quais podemos nos ancorar se buscarmos fazer o melhor de nós, a partir da liberdade fundamental de pensamento e expressão.
Concluindo, esperamos que o Dia Mundial da Liberdade de Pensamento e os insights abordados aqui contribuam com suas reflexões e diálogos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, conforme incentivamos com o nosso Comitê de Diversidade. Clique aqui para conhecer melhor nossa iniciativa.